29/09/2017 19h09
Advogada de narcotraficante brasileiro confirmou ter sido avisada sobre buscas feitas ontem em celas de outros presos, suspeitos de ajudar Pavão a negociar remessas de cocaína
Fonte: Helio de Freitas, de Dourados/CG News
O narcotraficante brasileiro Jarvis Gimenes Pavão, atualmente o maior fornecedor da cocaína boliviana para o Brasil, Europa e África, foi avisado sobre as buscas feitas na manhã de quinta-feira (28) no quartel da Agrupación Especializada, grupo de elite da Polícia Nacional em Assunção, capital do Paraguai. De acordo com o jornal ABC Color, as buscas em celas de presos paraguaios e brasileiros que estão na mesma cadeia, evidenciam a rede de informantes que o narcotraficante mantém no país vizinho.
Laura Casuso, advogada de Pavão, foi uma das primeiras a chegar ao quartel do grupo de elite, “primeiro que muitos policiais, quando sequer tinha amanhecido”, afirmam fontes ouvidas pelo ABC Color. A própria advogada confirmou ter “informantes em todas as áreas”.
Recentemente, Laura acusou o presidente paraguaio Horácio Cartes de agir com crueldade contra seu cliente, para tentar intimidá-lo. No ano passado, Pavão disse que se fosse extraditado iria divulgar documentos que provariam a corrupção envolvendo o atual governo do Paraguai. “Não se pode tapar o sol com um dedo”, afirmou Laura Casuso.
Jarvis Pavão está preso na unidade desde julho do ano passado, após o governo descobrir um plano para resgatá-lo do presídio de Tacumbú, onde o brasileiro vivia com luxo e mordomia. Segundo o jornal, o mais influente do Paraguai, o narcotraficante teria sido informado das “buscas surpresas” na noite de quarta-feira (27).
Não era alvo – O Ministério Público e a Polícia Nacional, no entanto, alegam que a cela de Pavão não seria alvo das buscas. O promotor Hugo Volpe disse que a ordem judicial era destinada às celas do assaltante paraguaio Sergio Daniel Ramírez Aguilar, do ex-militar Arnaldo Aniano Martínez Riquelme, do pistoleiro Reinaldo de Araújo e dos membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) Rodrigo Zapata, Thiago Ximenes, Valdecir Goncalves e Héctor Aruello.
Entretanto, segundo fontes da polícia paraguaia, desde o início a suspeita era de que o alvo das buscas seria o narcotraficante, que mesmo atrás das grades continua comandando a remessa de carregamentos de cocaína para o Brasil. Dois pedidos de extradição feitos pela Justiça brasileira já foram aceitos pela Justiça paraguaia e Pavão deve ser extraditado em dezembro deste ano.
Os sete detentos cujas celas foram visitadas ontem operavam para o “capo” brasileiro, ajudando-o a planejar novos golpes. Desde agosto deste ano a polícia paraguaia teme uma operação para resgatar Pavão da cadeia.
