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terça-feira, 30 de abril de 2024

Resistência, tradição e emoção marcaram manifesto indígena em Amambai

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02/02/2019 10h08

Fonte: Redação

Amambai (MS)- Para adentrar ao local onde os Guarani-Kaiowás estavam reunidos no dia 31 de janeiro, a reportagem do Amambai Notícias precisou passar por um ritual de purificação, afinal, não se entra numa Casa de Reza Indígena sem passar por tal. Era lá que estava acontecendo a manifestação para fechar a campanha #JaneiroVermelho – Sangue Indígena, Nenhuma Gota a Mais.

A campanha foi realizada por povos indígenas de todo o Brasil durante o mês de janeiro. Ela teve como intuito mostrar a insatisfação dos indígenas com as decisões do Governo Federal e denunciar a crescente ameaça que os povos originários e seus territórios têm sofrido.

A ação que contou com a presença de lideranças das aldeias Amambai, Limão Verde, Taquaperi além de representantes de aldeias localizadas nos municípios de Antônio João, Paranhos, Iguatemi, Bela Vista e Coronel Sapucaia, foi marcada por uma roda de conversa entre os presentes. O sentimento de medo e a tensão eram visíveis no olhar de cada um deles, assim como a força e a resistência.

“Este é um momento muito tenso para nós. A gente não está feliz, a gente não está comemorando nada! Esse é um dia de luta, 2019 é um ano de luta, já que todos os nossos direitos estão sendo retirados por esse governo”, disse uma liderança feminina da Aldeia Amambai.

Os indígenas reivindicam a proteção dos direitos previstos na Constituição Brasileira, a demarcação das terras indígenas, a garantia dos direitos humanos e combate à violência contra indígena, o reconhecimento dos povos originários e de sua cultura ancestral.

Os índios ainda lutam contra a transferência da Funai para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, contra a transferência da demarcação de terras indígenas para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), contra a flexibilização e transferência do licenciamento ambiental para o Mapa e pelo respeito aos tratados internacionais, em especial o Acordo de Paris e o direito de consulta e consentimento sobre ações relacionas a comunidade indígena.

“Os governos Estadual e Federal estão se unindo para destruir tudo o que a gente conquistou ao longo dos anos com a força da reza, da voz e das manifestações, nada a gente consegue de mão beijada (…) os Guarani-Kaiowá é um povo de luta e vamos continuar lutando”, disse uma outra liderança de Amambai.

“Nós não somos invasores, nós somos nativos desta terra. Nossa pele é da cor desta terra, nós somos os guardiões dela e da floresta e esse governo precisa nos respeitar, nossa terra não é uma mercadoria”, comentou.

Os indígenas também são contrários à municipalização da saúde indígena, que prevê que eles sejam atendidos em centros de saúde, junto aos demais cidadãos. Hoje, o atendimento é feito nas próprias aldeias, com treinamento específico dos profissionais lotados na Secretária Especial de Saúde Indígena.

O coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Pontã Porã, Élder Paulo Ribas da Silva participou do ato juntamente com o Chefe da Coordenação Técnica da Funai de Amambai, Jorge Pereira da Silva. Ele afirmou que o sentimento que se sobressai na Fundação é de incerteza. “Eu não sei mais o que é a Funai, nós não sabemos o que devemos fazer, estamos totalmente perdidos”, afirmou.

Jorge disse compartilhar do mesmo sentimento de Élder e ainda acredita que mudanças drásticas virão, mas manifestou apoio a luta indígena e se colocou à disposição da comunidade.

A pedido da própria comunidade indígena que se fez presente, nomes e imagens das lideranças foram preservados.

Manifestações aconteceram em todo o Brasil / Foto: Moreira Produções

Foto: Moreira Produções

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