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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Especial Retrospectiva: Professor Duadino destaca conquista de grupo de teatro indígena no ano de 2021

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A arte, cultura e o talento da comunidade indígena de Amambai ficaram em evidência em todo o MS.

Patrícia Dapper – Da Redação

Amambai (MS) – É chegado o mês mais nostálgico do ano: dezembro e, com ele, vem o saudosismo e as reflexões a respeito de tudo que foi realizado ao longo do ano que em breve se finda. Para o professor indígena, idealizador e responsável pelo Grupo de Teatro Liberdade PKR (Pa’i Kuara Rendy) de 34 anos, Duadino Martines, assim como para a maioria dos brasileiros, 2021 foi um ano difícil, mas foi nesse ano que ele alcançou, junto de seus alunos, um feito muito importante: seu grupo apresentou-se em um mostra de teatro profissional na capital sul-mato-grossense.

Além de orgulho para o professor e também para os 8 integrantes, a apresentação do Pa’i Kuara Rendy no Campo Grande em Cena também é um marco para Amambai como um todo: Teatro Liberdade PKR foi o primeiro grupo inteiramente indígena a se apresentar no evento e levou para o palco o espetáculo “Gritaram-me Bugra”, por meio do qual ressaltou a força da comunidade indígena amambaiense, mas também todo preconceito enfrentado diariamente por essas pessoas.

Especial Retrospectiva: Professor Duadino destaca conquista de grupo de teatro indígena no ano de 2021
Professor Duadino Martines é o idealizador do grupo / Foto: Raquel Fernandes

“O espetáculo “Gritaram-me bugra!” traz em cena uma indígena que conta o seu sentimento de ser uma nativa e como o preconceito e a discriminação afetam a sua vida. Um misto de tristeza e orgulho de ser chamada de bugra, que remete à cultura indígena do país como um ser inferior e que muitas vezes soa como ofensa. Ela expõe a questão do feminicídio e reflete sobre sentir orgulho de ser quem ela é, valorizando as cores e ritos de sua cultura por meio dos instrumentos Guarani Kaiowá e os cantos”, disse o professor Duadino.

Com a apresentação, realizada no dia 12 de novembro, o grupo conseguiu críticas positivas de profissionais do meio artístico e teatral como da atriz Carin Louro, que é artista da cena, tradutora, produtora, e doutoranda em Artes cênicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Liberdade – Pa’i Kuara Rendy

Formado pelos jovens Cristiane Lossate (22 anos), Poliane Velasques (16 anos), Letícia Duarte (17 anos), Anuxa Souza (17 anos), Adeilson Gonçalves (17 anos), Cauã Vasque (14 anos), Marcos Carmona (15 anos) e Gebesson Solano (18 anos), o Pa’i Kuara Rendy tem como diretor e responsável Duadino, como cenógrafa, figurinista e maquiadora, Elza Aparecida Rodrigues Freitas e como produtora e madrinha do grupo, a atriz e diretora amamabeinse Alessandra Tavares.

Especial Retrospectiva: Professor Duadino destaca conquista de grupo de teatro indígena no ano de 2021
O grupo trabalha temáticas com eixos sociais importantes / Foto: Divulgação

O professor Duadino conta que o Grupo de Teatro Liberdade PKR nasceu pelo amor à arte cênica e como uma forma de divulgar e mostrar beleza da arte indígena por meio de suas cores e temáticas abordadas nos textos e personagens criados a partir de estudos e pesquisa na área cênica e teatral com foco na cultura indígena.


Ao longo de seus mais de 5 anos de existência, o grupo tem trabalhado temáticas com eixos sociais importantes como a valorização da cultura indígena no teatro “Filhos dessa Terra”; a violência, suicídio e saberes tradicionais em “Tape Mbyapeha – Caminhos da Sabedoria”, mito dos Gêmeos Sol e Lua segundo a cosmologia Guarani Kaiowá “Sol e Lua”, teatro produzida pela Casa Incierta de Brasília com o produtor Carlos Lareda e a cantora Fernanda Cabral “Yvy Ñe’ẽ – Fala da Terra” e, recentemente, o espetáculo “Gritaram me Bugra”.

Professor Duadino

Impossível falar do PKR sem dar ênfase ao trabalho e ao carinho do professor Duadino pelo projeto. Em toda apresentação do grupo, o professor está ali, vibrando, gritando, se emocionando com o desempenho dos seus alunos.

Especial Retrospectiva: Professor Duadino destaca conquista de grupo de teatro indígena no ano de 2021
Professor Duadino Martines junto de seus alunos / Foto: Divulgação

“Não há palavras para descrever o prazer de poder trabalhar com esses meninos e meninas tão talentosas! Para mim sempre foi um desafio criar e colocar em prática tudo que criamos em cena, mas que é gratificante poder levar ao público nosso trabalho teatral (…) Saber que os jovens da minha aldeia estão seguindo pelo caminho certo, me motiva a continuar, pois eu vejo o quão dedicado eles são ao decorar as falas, o preparo dos personagens e toda construção das cenas”, enfatizou o professor.

Ele ainda comenta que apesar de toda dificuldade que já enfrentada nesses mais de 5 anos de trabalho, jamais pensou em desistir. “Como professor e responsável pelo grupo, tudo começa comigo, essa vontade de continuar deve começar comigo para que os meninos possam se sentir seguros a seguir com o projeto”, frisou.

Apoios

O professor Duadino ressalta que durante o ano de 2021 e nos outros que se passaram, o PKR sempre recebeu o apoio e incentivo da Prefeitura Municipal por meio das secretarias de Educação e Cultura, que disponibilizou o transporte para a viagem.

Para 2022

Para 2022, as expectativas são muito boas, segundo o professor. O projeto continua e toma uma abrangência ainda maior, promovendo oficinas teatrais em aldeias de outros municípios e também com apresentações. “Esse é o caminho para nossa juventude, lutar por dias melhores e a arte nos proporciona isso!”, finaliza Duadino.

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