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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Ao Nego e Tonho

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Por: Odil Puques

Na pia batismal o nominaram Olenir, mas Nego sempre seria. E mais: Nego da Silva, como Nego’s são todos os guris que correm descalços pelas ruas empoeiradas do Patrimônio União, que jogam bolita, que matam passarinhos a fundadas, trupicam na bola de capotão número cinco e já namoram – as indinhas, as branquinhas, as moreninhas, que Nego’s são todos medonhos. Mas não, esse que é de família abastada não há que se misturar com o Pança, o Kéinho, o Cledson, Toty, Baiuca, Preto, Lobão, Améba. Quê o quê. Nego, esse da Silva não quer nem saber. Brinca, corre, campereia a não mais poder. Um dia casou com a Hara Vanessa, que tem o nome de quem a cuidou e criou. Tiveram um Antônio, acharam que estava deveras simples e secundaram com Alexandre, o Grande. Todas as vezes – pai e mãe – o tratavam pomposa e orgulhosamente de ‘Antonio Alexandre’. Mas o menino herdou o que tinham de melhor e para os milhares de amigos virou Tonho. Juntos os três estavam sempre. Nas chamadas altas rodas, que afinal pertencem, porque além do que herdaram do lendário Horaci, ampliaram as terras, aqui, no distante Norte e gadaiada há em quantia; mas também nos bolichos jogando isnuque, misturados aos peões nas festas do laço e nas rodas de tereré. E o Tonho ampliou a roda de amigos. Embasbacava a quem não o conhecia direito. Mas esse não é filho do Nego e da Vanessa? Herdeiro de milhares de terras e gados? O que faz aqui na casa do Téia? Deu-se então a fatalidade que comoveu não só a família e amigos, mas toda uma cidade. Violência desmedida, desnecessária, gratuita, brutal. Não importa serem índios, brancos, negros, amarelos, animais é que são. Perdão aos animais que não matam para roubar, ou para vingar, ou para esconder um crime depois do outro. Não Vanessa, eles saíram desse plano, mas não morreram. Estarão para sempre nas memórias daqueles que os conheceram e os que não, mas ‘viram’ falar. E tenha certeza, a justiça virá. Na dos homens há que se capturar os facínoras e fazê-los pagar. Na de Deus, que dessa ninguém escapa, esses tais hão de, pela eternidade, fazer companhia ao decaído no mármore ardente.

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