A deficiência de vitaminas e minerais é um problema mais comum do que parece — e muitas vezes passa despercebido por longos períodos. Fadiga persistente, queda de cabelo, dificuldade de concentração, alterações de humor e até distúrbios digestivos podem ter origem em carências nutricionais.
Em casos assim, nem sempre o uso de suplementos orais é suficiente. É aí que as terapias nutricionais injetáveis ganham relevância como uma alternativa eficaz, segura e personalizada.
Esse tipo de abordagem tem se tornado cada vez mais presente em clínicas e consultórios, especialmente entre pessoas que buscam recuperar a vitalidade, melhorar a absorção de nutrientes ou tratar quadros mais específicos de deficiência. Mas afinal, quando optar por esse tipo de tratamento? E o que ele oferece de diferente?
Por que a suplementação oral nem sempre funciona?
A via oral é a forma mais comum de reposição de vitaminas e minerais. No entanto, sua eficácia depende de vários fatores: o estado de saúde intestinal, a presença de doenças crônicas, interações com medicamentos, idade e até hábitos alimentares.
Por exemplo, pessoas com doenças inflamatórias intestinais, gastrite crônica, uso prolongado de inibidores de acidez ou que passaram por cirurgias digestivas podem ter a absorção comprometida. Mesmo quando ingerem suplementos, o corpo pode não conseguir aproveitar os nutrientes de maneira adequada.
Além disso, a adesão ao tratamento por via oral muitas vezes é baixa. O uso diário, o sabor desagradável de algumas fórmulas, o desconforto gástrico e a demora para sentir resultados desanimam muitos pacientes.
Como funcionam as terapias nutricionais injetáveis?
As terapias injetáveis consistem na aplicação direta de vitaminas, minerais e outros nutrientes por via intramuscular ou endovenosa. Isso garante uma absorção quase total, uma ação mais rápida e, muitas vezes, efeitos mais perceptíveis em menos tempo.
Entre as substâncias comumente aplicadas estão a vitamina B12, complexo B, vitamina D, ferro, magnésio, zinco, vitamina C e aminoácidos. As combinações podem ser adaptadas de acordo com a necessidade de cada paciente, após avaliação clínica e exames laboratoriais.
Ao pular o processo digestivo, essas terapias oferecem vantagens importantes, especialmente em casos de deficiência grave, má absorção, esgotamento físico, estresse oxidativo elevado ou após procedimentos cirúrgicos que alteram o trato gastrointestinal.
Quem pode se beneficiar?
As terapias nutricionais injetáveis não são exclusivas para um único perfil de paciente. Elas podem ser indicadas tanto em casos clínicos quanto em situações de prevenção. Entre os perfis mais comuns, estão:
- Pessoas com deficiências documentadas em exames;
- Pacientes em tratamento oncológico ou autoimune;
- Indivíduos com dietas restritivas (como veganos e vegetarianos);
- Idosos com diminuição natural da absorção de nutrientes;
- Pessoas com fadiga crônica ou baixa imunidade;
- Pacientes em processo de recuperação de cirurgias ou doenças infecciosas;
- Pessoas que passaram por cirurgia bariátrica e apresentam maior risco de carências nutricionais.
Neste último grupo, a absorção de vitaminas e minerais costuma ser significativamente reduzida. Muitas vezes, mesmo com suplementação oral, os níveis não se estabilizam. É por isso que, em alguns casos, as terapias de injetáveis em pacientes bariátricos se tornam parte essencial do acompanhamento clínico, permitindo resultados mais eficazes na prevenção de deficiências e complicações associadas.
A importância da personalização
Diferente de um suplemento padrão comprado em farmácia, as terapias injetáveis são prescritas com base em uma avaliação individual. O profissional de saúde considera sintomas, histórico clínico, exames laboratoriais e estilo de vida antes de montar o protocolo.
Isso significa que não existe uma “fórmula universal”. Duas pessoas com cansaço, por exemplo, podem precisar de nutrientes diferentes. Uma pode ter deficiência de ferro, outra, de magnésio e vitamina B6.
Além disso, o uso inadequado de vitaminas e minerais — inclusive por via injetável — pode trazer riscos. Por isso, a indicação médica é fundamental. Não é um tratamento estético ou meramente “revitalizante”; é uma abordagem terapêutica séria, com potencial de melhorar significativamente a qualidade de vida, quando bem conduzida.
Resultados esperados e cuidados
Muitos pacientes relatam melhora do bem-estar geral, aumento de energia, melhora da concentração e até melhora do humor nas primeiras semanas após o início da terapia. Em quadros específicos, como a deficiência de vitamina B12, a reposição pode reverter sintomas neurológicos e prevenir complicações mais graves.
Por outro lado, o sucesso do tratamento depende de alguns cuidados:
- Acompanhamento profissional contínuo;
- Reavaliação periódica dos exames;
- Assiduidade nas aplicações (semanal, quinzenal ou mensal);
- Ajustes na alimentação e estilo de vida como complemento.
As terapias nutricionais injetáveis representam uma alternativa eficaz e segura para o tratamento de deficiências nutricionais, especialmente quando a via oral não é suficiente. Com a possibilidade de personalização, ação rápida e excelente absorção, são uma ferramenta valiosa no cuidado com a saúde, desde que utilizadas com orientação e critério.
Se você apresenta sintomas de deficiência, já tentou suplementar sem sucesso ou se enquadra em algum grupo com risco aumentado de carência nutricional, conversar com um profissional pode ser o primeiro passo para recuperar sua vitalidade.
Referências:
LOPES, Milton B. et al. Alimentação pós bariátrica: a importância do acompanhamento multidisciplinar ao paciente bariátrico. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Técnico em Nutrição e Dietética) – Escola Técnica Estadual ETEC São Mateus, São Paulo, 2023.