Mesmo tendo sido criada boa parte do tempo pelos meus avós, meu pai sempre esteve por perto.
Sempre presente, mesmo quando o tempo parecia curto.
E o mais curioso: eu nunca o vi parar.
Meu pai sempre esteve em movimento.
Estava sempre trabalhando, sempre estudando, sempre escrevendo — uma mente que não sabia ficar quieta.
Não me lembro de ouvir ele reclamar; só de vê‑lo empolgado, já planejando a próxima ideia.
Se algo não saía como queria, ele simplesmente reinventava, recriava, tentava de novo.
Era como a Dory, do Procurando Nemo, sempre dizendo (mesmo que em silêncio):
“Quando a vida decepciona, qual é a solução? Continue a nadar.”
Meus avós me ensinaram a leveza da vida, o gosto pelas modas de viola antigas — aquelas de Goiá, cheias de saudade — e até por música clássica, que parecia contar histórias sem precisar de palavras.
Com eles, aprendi a ouvir o tempo.
Com meu pai, aprendi a ser forte.
Ele me ensinou a gostar de rock clássico, daqueles de verdade, com solos longos e letras que falam de liberdade.
Foi com ele que descobri que podia ser o que quisesse, mesmo sem seguir um caminho comum.
Ele também me ensinou a ler e escrever — fui uma espécie de cobaia enquanto ele fazia o magistério (e olha, acho que foi uma experiência de sucesso, né? haha).
Foi ali que nasceu minha paixão pelos livros e pelas palavras.
Foram muitos momentos simples, mas que se tornaram gigantes com o tempo:
Viagens a trabalho, onde íamos só nós dois, ouvindo boa música e tendo boas conversas.
Lavando o carro ao som de um bom e velho rock.
Rindo. Criando memórias que até hoje carrego como um tesouro.
Hoje, no Dia dos Pais, quero deixar registrado meu agradecimento.
Muita coisa a gente só entende quando se torna pai ou mãe também.
É aí que a admiração cresce, o coração se expande, e a gente olha pra trás com mais amor e mais compreensão.
Aos pais e futuros pais, deixo um conselho de filha que lembra com carinho:
Criem boas memórias com seus filhos.
Vocês não precisam levá-los pra Disney.
Às vezes, um café, um violão, uma conversa no carro ou uma música compartilhada é tudo o que vai ficar.
Feliz Dia dos Pais.
E obrigada, pai, por me ensinar a nadar…
mesmo quando a correnteza parecia forte demais.
Fonte: Nádia Rocha/Redação Amambai notícias