O rock perdeu mais uma estrela.
Ace Frehley, o lendário guitarrista original do KISS, nos deixou nesta quinta-feira (16), aos 74 anos, em Nova Jersey. A família confirmou a notícia em um comunicado à Variety, descrevendo seus últimos momentos como cercados de amor, orações e paz.
A sensação é sempre a mesma quando uma lenda parte — uma mistura de saudade, incredulidade e aquele vazio que só quem cresceu ao som de guitarras distorcidas entende.
Estamos vendo, pouco a pouco, o tempo levar nomes que moldaram a história da música. E com cada despedida, fica a pergunta: o que estamos fazendo com o nosso tempo?
Ace Frehley nasceu Paul Daniel Frehley, em 1951, no Bronx, Nova York. Um garoto de bairro, apaixonado por guitarras e por tudo o que envolvia rebeldia e liberdade. Quando entrou para o KISS, em 1973, ajudou a transformar quatro caras de maquiagem em um dos maiores fenômenos do rock mundial.
Foi dele o toque espacial da banda. O Spaceman — aquele personagem prateado, com olhos de outro planeta e uma guitarra que soltava fumaça — virou símbolo de uma geração que acreditava que o rock podia ser maior que a vida.
Ace não era apenas um guitarrista técnico. Ele era um personagem inteiro. Um som, uma atitude, uma energia. Basta ouvir faixas como “Shock Me”, “Cold Gin” e “Rocket Ride” pra entender: ali havia algo que vinha do espaço mesmo.
Durante os anos 70, Frehley foi o motor do KISS — e também o toque de loucura que fazia tudo funcionar. Depois de deixar a banda em 1982, seguiu em carreira solo e criou sua própria identidade com o álbum Frehley’s Comet e o sucesso “New York Groove”. Voltou nos anos 90, quando o KISS reviveu seus tempos dourados, e seguiu como uma figura respeitada, meio mística, no universo do rock.
Gene Simmons e Paul Stanley, seus antigos companheiros, disseram em comunicado que Ace “foi parte essencial dos capítulos mais formativos da banda e sempre será parte do legado do KISS”. Peter Criss, o baterista original, resumiu o sentimento de muitos fãs:
“Com o coração partido e profunda tristeza, meu irmão Ace Frehley se foi. Ele morreu em paz, com sua família ao redor. Eu o amo, meu irmão.”
E é isso — o rock é uma irmandade. Brigas, distâncias, reencontros… no fim, o que fica é o som, as lembranças e o impacto de quem marcou gerações.
Ace foi mais do que um músico. Ele ajudou a construir o que hoje chamamos de espetáculo — aquele tipo de show em que cada acorde é uma faísca e cada solo, uma explosão de energia. Sem ele, talvez o KISS não tivesse se tornado esse gigante de luzes, riffs e fogo.
Agora, o Spaceman parte para outro plano, deixando na Terra o eco de suas cordas e a lembrança de que a vida — assim como o rock — é breve, intensa e barulhenta.
E talvez essa seja a maior lição: a de não deixar o tempo apagar o que somos.
Porque um dia, como Ace, todos partimos. A diferença é o que deixamos vibrando depois do silêncio.
Fonte: Nádia Rocha/Amambai Notícias