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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Frente Parlamentar: Novo aquífero é descoberto e MS passa a ter nove sistemas hídricos

Reunião, conduzida pelo deputado Renato Câmara, coordenador da Frente Parlamentar, foi realizada no plenarinho da Casa de Leis

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Como resultado de uma década de estudos, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (ALEMS) descobriram a existência de um aquífero, concentrado em São Gabriel do Oeste, que, até então, era considerado como parte do Aquífero Guarani. Com isso, o estado passa a ter nove sistemas aquíferos. A descoberta e a proposta de reconhecimento do novo aquífero foram apresentadas na tarde desta quinta-feira (23) durante reunião da Frente Parlamentar de Recursos Hídricos, realizada no plenarinho Nelito Câmara, na Assembleia Legislativa (ALEMS).

O encontro foi proposto pelo deputado Renato Câmara (MDB), coordenador da Frente Parlamentar, que enfatizou a importância da pauta. Ele destacou que a relevância da água, seu papel estratégico no futuro e a necessidade de monitoramento para evitar contaminação e manter o equilíbrio dos recursos hídricos. “As pessoas fazem guerra por conta da água. E, no futuro, a água vai ser estratégica para o nosso estado. Então, precisamos cuidar do nosso subsolo, para que tenhamos água garantida para as próximas gerações”, considerou o deputado.

A apresentação das pesquisadas sobre o Aquífero São Gabriel do Oeste foi feita pelo professor aposentado do Departamento de Geologia da UFMS, Giancarlo Lastoria. Ele informou que a área estudada tem cerca de 1,4 mil quilômetros quadrados e abrange 36% de São Gabriel do Oeste. “Mais de 90% da área estão em São Gabriel do Oeste e pequenas partes nos municípios de Rio Negro e de Bandeirantes”, informou.

De acordo com o professor, o Aquífero São Gabriel do Oeste era considerado como sendo parte do Aquífero Guarani, o que as pesquisas demostraram ser um equívoco. Lastoria explicou que os dois aquíferos são, na verdade, separados por uma camada de rochas basálticas. “Então, não existe um contato direto com o Aquífero Guarani. Existe entre esses dois aquíferos essa camada de basalto”, detalhou.

O professor informou que, durante o período de dez anos de pesquisa, a equipe fez o cadastro e o georreferenciamento de mais de 60 poços tubulares. Foi descoberto que o Aquífero São Gabriel do Oeste tem considerável valor estimado de porosidade efetiva, isto é, a quantidade efetivamente de água de chuva que vai infiltrar e recarregar o aquífero. “Com base nas análises que fizemos, chegamos a um valor estimado de 20%. Isso é maior do que qualquer um dos aquíferos que estão elencados no Mapa Hidrológico do Plano Estadual de Recursos Hídricos”, comparou Lastoria.

Também foram encontrados, nas águas do aquífero, alguns metais pesados, como arsênio, selênio e chumbo. “Esses metais são, provavelmente, herança das práticas antigas de aplicação de fungicidas e pesticidas ou de insumos (calcário e gesso) usados na correção do solo”, explicou o professor. Na última análise, entretanto, o arsênio não foi mais encontrado.

A água do aquífero tem grande importância para a região. “A vazão dos poços tubulares, na faixa de 15 metros cúbicos por hora, não é muito alta, mas atende perfeitamente a população rural e pequenas agroindústrias do município”, disse o professor. “A reserva renovável anual tem uma capacidade extremamente importante”, acrescentou.

Com essas características, as águas do Aquífero São Gabriel do Oeste são favoráveis à captação por meio de poços. “Lá no assentamento, cada lote tem um poço. São poços relativamente rasos, com custo-benefício muito favorável, com uma água, a princípio, de boa qualidade. E, é claro, temos que tomar cuidado com a questão da contaminação”, afirmou.

De acordo com Lastoria, é preciso atenção com as águas do aquífero. “A preocupação é quanto ao uso e à ocupação do solo pela agricultura intensa, com a instalação de agroindústria, suinocultura, avicultura. Isso pode impactar o aquífero, tendo em vista essa recarga muito rápida. Portanto, há a necessidade de um monitoramento contínuo”, alertou.

No Plano Estadual de Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul, estão definidos oito sistemas aquíferos: os aquíferos porosos de Cenozóico (SAC), Bauru (SAB), Guarani (SAG), Aquidauana-Ponta Grossa (SAAP) e Furnas(SAF); e os aquíferos fraturados de Serra Geral (SASG), Pré-cambriano calcários (SAPCC) e Pré-cambriano (SAPC). Agora, há a proposta de inclusão do Aquífero São Gabriel do Oeste (ASGO).

Além do deputado Renato Câmara e do professor Giancarlo Lastoria, compuseram a mesa de autoridades o ex-prefeito de São Gabriel do Oeste, Adão Rolim, representante do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHGMS), Ana Luiza de Almeida Batista Martins Abrão.  

VI Seminário Estadual da Água

Ao fim da reunião, Ana Luiza Abraão apresentou as propostas discutidas e alinhadas no VI Seminário Estadual da Água. Com o tema “Gestão de Recursos Hídricos Frente às Mudanças Climáticas”, o evento foi realizado na ALEMS no dia 21 de março deste ano. O grupo de trabalho da relatoria do Seminário foi composto por representantes da Frente Parlamentar de Recursos Hídricos.

Entre as propostas consensuadas no Seminário, estão: contemplar o reuso da água no novo Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH); incluir no novo PERH a reservação de água como utilidade pública, interesse social, segurança hídrica e alimentar; destinar recursos financeiros para fortalecer o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e os Comitês de Bacias Hidrográficas; fomentar a capacitação para gestores públicos, sociedade e usuários de água, por meio de conteúdos específicos, entre outras proposições.

Fonte: Osvaldo Júnior/Agência ALEMS 

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