Três décadas se passaram desde que o Nirvana lançou “Heart-Shaped Box”, e ainda assim, a canção continua reverberando como se tivesse sido escrita ontem. O hino sombrio e enigmático do álbum In Utero acaba de ultrapassar a marca de um bilhão de reproduções no Spotify, entrando para o seleto Clube do Bilhão da plataforma. É a terceira faixa da banda a alcançar esse feito — depois de “Smells Like Teen Spirit” e “Come As You Are” —, reafirmando o poder atemporal do trio que moldou uma geração.
Lançada em 1993 como o primeiro single de In Utero, a música marcou uma virada de tom para o grupo. Após o sucesso estrondoso de Nevermind (1991), que catapultou o Nirvana ao centro da cultura pop e transformou o grunge em movimento global, o novo disco trouxe um som mais cru, direto e desconfortavelmente honesto. Gravado no Pachyderm Studios, em Minnesota, com produção de Steve Albini, o álbum soava como uma tentativa de recuperar a essência bruta que o sucesso havia ameaçado diluir.
Em “Heart-Shaped Box”, Kurt Cobain expõe um lado ainda mais intenso e introspectivo. Entre versos carregados de metáforas e guitarras que oscilam entre a delicadeza e o caos, a faixa soa como um pedido de socorro — e, ao mesmo tempo, uma confissão poética sobre amor, dor e exaustão.
Mesmo com o distanciamento do apelo comercial de Nevermind, o público não se afastou. In Utero conquistou o disco de platina ainda em 1993, e suas músicas dominaram rádios e televisões da época. “Heart-Shaped Box” e “All Apologies” tornaram-se presenças constantes na MTV e nas paradas de rock alternativo, reafirmando que o Nirvana não precisava de fórmulas para ser universal.
Trinta anos depois, o bilhão de plays não é apenas uma métrica — é o eco de uma geração que ainda encontra em Kurt Cobain e no Nirvana uma espécie de refúgio e catarse. A cada nova reprodução, “Heart-Shaped Box” prova que algumas músicas não pertencem ao passado. Elas continuam vivas, pulsando onde o tempo não alcança.
Fonte: Nádia Rocha/Redação Amambai Notícias
