Há algo de profundamente humano em revisitar os vestígios deixados por quem partiu — especialmente quando essa pessoa transformou dor e beleza em arte. Foi com esse olhar que a editora Weldon Owen lançou “This Angry Pen of Mine: Recovering the Journals of Layne Staley”, uma imersão delicada e inédita na mente e no coração do vocalista do Alice in Chains, cuja voz marcou uma geração e silenciou cedo demais.
A publicação nasce de uma parceria com a família de Layne e reúne fragmentos de seu universo particular: letras escritas à mão, poemas nunca antes vistos, desenhos que revelam inquietações e momentos de paz, fotos raras e mensagens de fãs que transformaram admiração em afeto. É mais que um livro — é um mosaico emocional, um retrato sincero de um artista que viveu intensamente entre o brilho e as sombras.
Nas páginas, é possível sentir a presença de Layne em cada traço, em cada palavra. Seus escritos revelam um homem em conflito, mas também sensível, curioso e profundamente criativo. Entre versos e rabiscos, a dor se mistura à esperança — uma tentativa de entender o mundo e a si mesmo por meio da arte.
No prefácio, Nancy McCallum, mãe de Layne, deixa um convite comovente:
“Espero que este livro lhes dê uma ideia do filho que eu conheci — aquele que estava além das manchetes, aquele com uma alma bela, criativa e feliz.”
Além do material pessoal, o livro traz homenagens de artistas como Dave Mustaine, Corey Taylor e Robert Trujillo, entre outros nomes que cruzaram caminhos com Staley e sentiram de perto sua intensidade.
Toda a renda obtida com a venda será revertida ao Layne Staley Memorial Fund, instituição que oferece apoio, educação e recursos para tratamento de dependentes químicos, em parceria com a THS, em Seattle.
Layne Staley partiu cedo — em abril de 2002, aos 34 anos — vítima de uma overdose acidental. Mas sua voz continua viva, ecoando nas canções que moldaram o som e o sentimento do grunge.
“This Angry Pen of Mine” é, em essência, um reencontro: entre o artista e o homem, entre a dor e a beleza, entre o silêncio e a memória.
Fonte: Nádia Rocha/Redação Amamai Notícias