29/08/2019 09h13
Um dos suspeitos foi preso em julho e libertado 48 horas depois; guerra de drogas estaria por trás do crime
Fonte: O Globo e El País
Um ataque a um bar na noite de terça-feira deixou no mínimo 26 mortos e 11 feridos na cidade portuária de Coatzacoalcos , no estado de Veracruz , Sudeste do México . Segundo as autoridades, um grupo de criminosos atacou a boate El Caballo Blanco . Eles provocaram um incêndio e bloquearam as portas de saída para evitar que os presentes pudessem escapar.
O governador do estado de Veracruz, Cuitláhuac García , descreveu o incêndio como um crime “mal intencionado” e garantiu que o motivo foi a guerra pela venda de drogas. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador , condenou os assassinatos e prometeu uma investigação completa.
— É lamentável que o crime organizado atue desta forma, é completamente desumano — disse na entrevista coletiva na manhã desta quarta.
O procurador-geral de Veracruz confirmou a morte de 16 homens e 10 mulheres, a maioria devido à fumaça, e indicou que outras 11 pessoas permanecem sob cuidados médicos.
O massacre ocorreu por volta das 22h. A mídia local indicou que o ataque começou após o surgimento de vários criminosos armados, que primeiro abriram fogo no bar e depois jogaram coquetéis motolov.
O incêndio causou o pânico entre as pessoas que estavam no local, muitas das quais não conseguiram deixá-lo a tempo, de acordo com depoimentos recolhidos pela agência EFE.
Parentes de funcionários foram ao local em busca de notícias.
— O que eu quero saber é se está tudo bem — disse a mãe de um empregado responsável pela limpeza dos banheiros, depois de visitar diversos hospitais procurando o filho.
A Secretaria de Segurança Pública de Veracruz lançou uma operação em busca dos responsáveis. O presidente mexicano afirmou que um dos suspeitos é Ricardo “N”, conhecido como La Loca, preso em julho e libertado em menos de 48 horas. O governador prometey em um tuíte que o crime não ficará impune.
— Em Veracruz, grupos criminosos não serão mais tolerados — disse García.
De acordo com o governador, os criminosos sequestraram o dono do bar antes de iniciarem o incêndio.
Sete homicídios por dia
O ataque em Coatzacoalcos dá indícios sobre a profundidade com que o crime organizado penetrou nas instituições públicas. O caso abriu ainda uma lacuna entre as autoridades federais e as estaduais. Fazendo coro a López Obrador, o governador García acusou a polícia estadual e o promotor de Veracruz por terem liberado Ricardo “N” sem antes colocá-lo frente à justiça. A Procuradoria Geral disse que a informação é falsa.
“Esta pessoa não foi disponibilizada para esta Procuradoria, mas para a Delegação Estadual da Procuradoria Geral da República (FRG)”, diz a mensagem que também garante que o suposto criminoso foi preso uma segunda vez no início de agosto.
Sem ser muito específico, o secretário de Segurança de Veracruz, Hugo Gutiérrez , juntou-se à discussão e assegurou no Twitter que López Obrador foi convidado para a intervenção da Procuradoria Geral da República (FGR, na sigla em espanhol) em face da “óbvia corrupção” dos advogados locais.
— Precisamos investigar as ações do promotor de Veracruz. Pedimos que a FGR se atenha aos fatos e conduza uma investigação completa — confirmou o presidente.
Em Veracruz, o Cartel de Jalisco Nova Geração luta há alguns meses pelo controle do narcotráfico com Los Zetas . Os números mais recentes indicaram que apenas este ano cerca de 1.600 pessoas foram mortas, uma média de sete homicídios por dia. Há quatro meses, um comando armado invadiu uma festa no município de Minatitlán e matou 14 pessoas, incluindo um menor.
A repercussão do caso abriu um debate sobre as dificuldades do governo federal em acabar com o crime organizado em um dos estados mais violentos do país. A Guarda Nacional, que chegou cinco dias depois do massacre em Minatitlán, não teve sucesso em apartar a briga entre os grupos criminosos.
