06/08/2020 13h26

Pai solteiro, Jhonatan abriu mão de tudo para cuidar da filha com paralisia cerebral

Jhonatan Antunes Pinto é um cabeleireiro de 31 anos que vê no amor e na relação com a filha, Clara Vitória, um motivo para seguir. A indicação da matéria partiu da técnica de apoio social e educadora infantil, Mirian Carvalho, que conhece de perto a história de pai e filha.

Fonte: Redação

Amambai (MS)- Lingo, lingo! Quem assistiu ao filme turco, o Milagre da Cela 7, da Netflix, com certeza ficou emocionado com a história de Memo e Ova: pai e filha, que unidos pelo amor incondicional, lutam juntos para superar o preconceito contra a deficiência. No filme em questão, Memo era uma pessoa com deficiência intelectual e pai solteiro, que via na filha, Ova, forças para lutar contra as adversidades que eram impostas pela vida.

Em Amambai, nós temos uma história parecida. Os personagens invertem-se, mas o amor e o elo entre Jhonatan Antunes Pinto, de 31 anos e a filha, Clara Vitória Antunes, de quase 14 anos, são os mesmos retratados pela obra cinematográfica, onde bem mais que a obrigação paterna, estão ressaltados o cuidado, o carinho, a empatia, a intimidade e a parceria.

Jhonatan é cabeleireiro e precisa conciliar a vida profissional, a vida doméstica, e vida pessoal aos cuidados com a filha, que aos 4 meses de idade foi diagnosticada com o paralisia cerebral e epilepsia.

“Eu não tive contato com a minha filha durante a sua gestação porque eu e a mãe dela morávamos em cidades diferentes, mas após o seu nascimento, nós nos aproximamos e aos 4 meses de vida, ela teve o diagnóstico. Nós ficamos sem chão, sem saber o que fazer ou como lidar”, lembrou Jhonatan. Neste momento difícil de sua vida como pai, o jovem de apenas 17 anos contou com o apoio imprescindível da mãe, Sirlei Antunes, in memorian, que durante muito tempo foi a base de sustentação para que Jhonatan pudesse cuidar da filha.

Após a confirmação da deficiência, a mãe da criança decidiu entregar Clara aos cuidados do pai porque percebeu que não teria condições de cuidar da menina. ” A partir daí minha mãe assumiu o papel de mãe-avó, me ajudando nessa caminhada que com certeza não fácil”, salientou Jhonatan.

Busca pelos melhores tratamentos e o falecimento da avó-mãe

Tão logo Clara chegou, Jhonatan procurou a Associação de Pais e Amigos (Apae) do município, que segundo ele, deu todo o suporte necessário para a melhor qualidade de vida da bebê. Mas não era suficiente, ele queria poder fazer mais pela filha e foi aí então que decidiu ir embora para São Paulo, em busca de melhores tratamentos.

Pai e filha ficaram de 2007 a 2015 na capital paulista. Nesse meio tempo, a avó também foi morar com eles, mas acabou falecendo em 2011 em detrimento de um infarto fulminante.

“Eu sabia que nada seria fácil, mas tudo foi se ajeitando e então estávamos eu, Clara e minha mãe (…) sempre lutei e busquei, dentro do meu alcance, o melhor para minha filha, quanto a médicos e tratamentos (…) depois do falecimento de minha mãe fiquei em choque, sem saber o que fazer, afinal ela era nosso porto seguro, mas Deus foi nos dando força e nos direcionando para o melhor caminho”, disse o pai, que a partir de então, precisou trilhar o caminho sem a ajuda de ninguém, só ele e a filha.

Hoje são apenas Jhonatan, Clara e o Fofinho, cãozinho companheiro. Foram noites mal dormidas, muitas limitações, muitos afazeres, muitas abdicações, mas o pai afirma que apesar disso tudo, o sentimento que permanece, além do amor, é a gratidão.

“Sabemos que Deus tem um propósito em nossas vidas, eu fui escolhido para cuidar da minha filha, Ele dá pais especiais para crianças especiais. E sabemos que algumas flores precisam de mais cuidados para crescer e a Clara é uma delas, a mais linda do meu jardim”, disse o pai completamente apaixonado.

Agradecimentos

Jhonatan aproveita a oportunidade para agradecer a irmã Juscelaine; o cunhado Blandi; o irmão José Henrique e a cunhada Adriana, que de uma forma ou outra apoiaram e ajudaram pai e filha. E também a Escola Renascer, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Amambai por todo, carinho, atenção o zelo que trata seus alunos.