18/09/2020 16h14
Neste sábado (19), é celebrado nacionalmente o Dia do Teatro
Fonte: Redação
Amambai (MS)- “O Teatro pra mim é reflexão! Tanto como atriz, diretora, arte-educadora e até mesmo espectadora. É lugar de comunhão, de compartilhamento, de troca! Uma forma de expressar as angústias, os pensamentos. É autoconhecimento!”, é assim que a atriz amambaiense Alessandra Tavares define, em poucas palavras, o que é o teatro, expressão artística que é celebrada neste sábado (19).
Alessandra formou-se em 2007 pela Actor Scholl Brazil – Teatro, Cinema e Televisão, em São Paulo e voltou para Amambai em 2010, mas desde muito pequena sonhava em ter uma profissão que fizesse com que ela fosse várias pessoas aos mesmo tempo.
“Quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, eu respondia que queria ser policial. Alguns indagavam: ” – mas mulher policial?” Tenho na memória uma vez meu pai me defendeu dizendo: – “Deixa ela ser o que quiser!” Eu gostei daquilo e fiquei me imaginando ser várias coisas ao mesmo tempo (…) Hoje, tanto tempo depois, posso, de verdade, ser o que quiser, como meu pai falou lá atrás e eu gosto muito disso!”, lembrou a atriz.
O que mais gosta em sua profissão
Além do friozinho na barriga antes de cada apresentação e da sensação de dever cumprido, Alessandra afirma que um a das melhores partes do teatro é o processo criativo como um todo, além da doação de si no palco.
“No cinema e na televisão, a gente se vê; no teatro não. A gente se doa para o público de corpo e alma. (…) Como diretora teatral e arte-educadora, gosto de ver e sentir a descoberta de cada uma através das técnicas na construção da personagem, um processo que é de dentro para fora, que é a maneira que eu trabalho.
“O que você está fazendo em Amambai?”
Essa é uma frase muito ouvida pela atriz amambaiense e ela pondera que entre as dificuldades da profissão está, em seu caso particular, o descrédito que há quando ela fala que é atriz no município. “É como se para ser uma profissional reconhecida na minha área, eu teria que estar nos grandes centros ou até mesmo na televisão”, argumenta.
Desde 2010 até o momento, Alessandra viveu um percurso de resistência. Ficou desempregada por um tempo, fazendo apenas trabalhos voluntários em saraus e festivais de teatro representando o município. Em determinado momento, para ganhar um dinheiro e poder continuar em Amambai, ela criou a Palhaça Cerejinha, uma de suas personagens que participa de vários tipos de festa fazendo a animação do evento.
“Nestes últimos anos, tive apoio de pessoas que valorizaram meu trabalho, me trataram com dignidade para continuar ajudando no desenvolvimento cultural na minha cidade e sinto muita gratidão por isso. Nós artistas precisamos desse apoio!”, frisou.
Personagens marcantes
Em quase 15 anos de carreira, Alessandra viveu mais de 25 personagens e ajudou a construir mais de 200. Só aqui em Amambai, ela viveu Moça, Fidelidade, Lídia Louca, Donzela, Índia Mendiga, Cerejinha e Dona Juju.
Dentre os mais marcantes de sua carreira, Alessandra destaca a personagem Neuza Sueli, do escritor Plinio Marcos. “Ela era uma prostituta do submundo e para construir a personagem, como laboratório, tive que conhecer esse submundo. É muito triste e desumano! “, disse.
Em Amambai, Alessandra construiu a “Pobre Lídia Louca”, figura marcante do município. “Foi um processo diferente porque quando criança, os adultos me amedrontavam dizendo que iriam chamá-la e eu lembro que tinha muito medo. Viver essa lenda viva, essa mulher com uma história incrível, será com certeza inesquecível”, lembrou.
Hoje, Alessandra Tavares trabalha junto da Secretaria Municipal de Desporto e Cultura (Sedesc) e desde 2013 é a diretora geral de todas as peças do município que participam do Festival Estudantil Temático para Trânsito (Fetran) desenvolvido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Ela ainda é líder do projeto Amambai em Cena e através da Prefeitura de Amambai, promove oficinas de teatro, festivais de teatro, oficina de Contação de Histórias, cursos de teatro para bebês e montagem de espetáculos.


