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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Trabalhando no cemitério, coveiros falam como é trabalhar com a morte

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28/10/2020 14h51

Trabalhando há 25 e 38 anos no cemitério em Amambai, coveiros falam como é trabalhar frente a frente com a morte

Fonte: Redação

Amambai (MS)- Na próxima segunda-feira (2), é celebrado o Dia de Finados. Neste dia é típico das pessoas pensarem em quem já partiu, nas flores que vão embelezar o túmulo e até mesmo na chuva que comumente cai neste dia, mas existe um profissional que é importante para esta data e, que na maioria das vezes, passa despercebido: o agente sepultador, mais conhecido como coveiro.

Quem vê esses profissionais passando entre um túmulo e outro por vezes não percebe sua importância. Além de preparar as carneiras, são eles os responsáveis por descer ou empurrar o caixão selando a última visão da família com o morto. É uma profissão dura, mas necessária.

Para entender um pouco melhor o dia-a-dia desses profissionais, a reportagem do Amambai Notícias conversou com o Alfredo Ramos Córdoba, o Cabelo, e com o Ari Bueno, que prestam serviço no Cemitério Municipal Santo Antônio, há 25 e 38 anos, respectivamente.

Alfredo herdou a profissão da família. Seu avô, Ataíde Vieira Soares foi um dos primeiros profissionais de funerária do município. Seu pai, João Rodrigues Córdoba, também. E ele seguiu os passos dos patriarcas atuando no ramo. Hoje, ele prepara carneiras para a Pax Primavera e presta serviços particulares no campo-santo mais antigo da cidade.

Já Ari trabalha no cemitério desde 1982, quando começou a prestar serviços como pedreiro para uma empresa funerária sob a condição de nunca sepultar alguém. Não deu muito certo, já na primeira semana de trabalho, ele precisou sepultar uma jovem que havia tirado sua própria vida. “Eu não queria fazer aquilo, mas foi necessário, lembro que eu tremi muito na hora, mas depois se torna corriqueiro”, comentou.

Ao serem indagados sobre como é trabalhar frente a frente com a morte, ambos afirmam que foi difícil no começo, mas que com o tempo, eles se acostumaram. “Nós somos seres humanos então por diversas vezes a gente chora junto com a família (…) é muito triste sepultarmos amigos, conhecidos e familiares, mas a gente faz porque é o nosso trabalho”, comentou Alfredo.

Túmulo mais visitado

O túmulo do Menino José é o mais visitado do cemitério, segundo os coveiros. Bonecos, doces, brinquedos e orações são sempre deixados no jazigo. “A história do Menino José tem duas versões; a primeira é de que ele teria sido encontrado afogado em uma lagoa e a outra, de que ele teria sido queimado e jogado no lixo; muitas pessoas vêm aqui para fazer promessas e depois agradecem as causas alcançadas”, explica Ari.

No Dia de Finados do ano passado, nossa reportagem conversou com uma família que atribui um milagre ao Menino José. Ailton de Souza e a esposa, Karyna Grochevis, estavam agradecendo pelo milagre de terem conseguido ir adiante com a gravidez de João Miguel.

Segundo Ailton, sua esposa teve um início de gestação conturbado e em determinado momento deu início a um grande sangramento, instante no qual, pediram ajuda a Nossa Senhora Aparecida e também ao Menino José. Hoje, João Miguel tem três anos e é cheio de saúde e vitalidade, graça que atribuem ao Menino José.

Alfredo trabalha há 25 anos no Cemitério Municipal Santo Antônio / Foto: Moreira Produções

Ari trabalha desde 1982 no cemitério / Foto: Moreira Produções

Registro feito no dia 2 de novembro de 2019 quando a família de Ailton agradecia ao Menino José / Foto: Moreira Produções

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