A vida aqui em casa pulsa em muitos ritmos. Não existe silêncio absoluto — há sempre um miado no corredor, o tilintar de unhas no piso, um olhar atento na porta. Nossos pets são presença constante, e com eles aprendo, todos os dias, que amor se revela de formas muito diferentes.
A Pérola, minha gatinha preta, é a guardiã silenciosa. Vive na dela, mas nunca longe demais. Basta fecharmos a porta do quarto sem sua permissão e ela transforma o corredor em palco de protesto, exigindo estar junto. Pérola me ensina que liberdade não significa afastamento; às vezes é justamente a escolha de permanecer perto, mesmo quando ninguém pediu.
Edward, o “gato das meinhas”, foi resgatado pelo meu marido e, desde então, decidiu que seu mundo gira em torno dele. Conversa apenas com ele, caminha lado a lado como se partilhassem uma língua secreta. Com Edward aprendo que a lealdade, quando nasce de um vínculo escolhido, é das mais bonitas.
Billy Joe, Pipoca e Leona formam o trio mais arisco da casa. Cada um ao seu modo, preferem o silêncio, a distância e a observação atenta. Mas ainda assim estão sempre por perto, circulando como sombras gentis. Eles me lembram que nem todo afeto precisa de colo ou barulho; às vezes o amor se manifesta justamente no espaço que respeita e na presença discreta que nunca falha.
E então vem Maylon, nosso pequeno cão, cujo nome já entrega sua vocação para a travessura — afinal, o que esperar de alguém batizado como o cachorro do Máskara? Ele nos dá bom-dia na porta do quarto, adora uma fofoca e não perde a chance de espiar a rua diante de qualquer buzina. Quando faz arte, abaixa as orelhas e se encolhe no sofá, com a cara mais inocente do mundo. Mas basta uma fresta de portão aberto e lá vai ele, correndo adoidado, celebrando a vida em sua forma mais pura.
Thor, o grandão da casa, é o contraponto perfeito ao Maylon. Forte, imponente e ao mesmo tempo carinhoso, vive entre travessuras e olhares emburrados. É aquele que lembra a todos que, no meio da disciplina que tentamos impor, sempre há espaço para a bagunça e para a alegria.
Cada um deles, à sua maneira, me ensina que lealdade e liberdade não são opostos. A Pérola me mostra que é possível ser livre e ainda assim querer estar junto. Edward me ensina que a lealdade é mais forte quando é escolha. Billy Joe, Pipoca e Leona lembram que o amor também pode se esconder no silêncio. Maylon e Thor mostram que a liberdade é alegria, é correr sem medo e, ainda assim, sempre voltar.
No fundo, talvez sejamos todos um pouco como eles: às vezes ariscos, às vezes barulhentos, ora grudados, ora fugindo para a rua aberta. Mas sempre, de algum jeito, voltamos para o lugar onde o coração reconhece como lar. É nesse retorno silencioso que mora a verdadeira lealdade, e é nessa liberdade de ir e vir que o amor encontra sua forma mais bonita.
Fonte: Nádia Rocha/Redação Amambai Notícias