11/07/2012 10h28 – Atualizado em 11/07/2012 10h28
Fonte: Aral Moreira News
Até o fechamento desta edição, na última sexta-feira (6), a Polícia Federal aguardava pronunciamento do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) para transferir os fazendeiros presos por ordem da Justiça Federal. Os presos são acusados de participação no desaparecimento do cacique Nísio Gomes, 59 anos, ocorrido no dia 18 de novembro do ano passado. Familiares de alguns presos reclamaram da falta de acesso aos supostos envolvidos que estão em uma pequena cela na delegacia de Ponta Porã.
O cacique Nísio Gomes, da etnia guarani, segundo relatos feitos pelos indígenas ao Ministério Público Federal (MPF), foi morto por jagunços contratados por fazendeiros no dia 18 de novembro de 2011. Depois de morto na frente do filho com um dos tiros na cabeça, o corpo de Nísio foi levado e até agora não foi encontrado. Dessa data até hoje a Polícia Federal fez diversas diligências, mas ainda não concluiu o inquérito que corre na delegacia de Ponta Porã.
Na quinta-feira o delegado Jorge André Figueiredo, chefe da delegacia de Ponta Porã, concedeu entrevista exclusiva ao Jornal de Notícias, oportunidade que falou sobre as investigações que vem sendo conduzidas com sigilo. Ele adiantou que ainda neste mês deverá concluir as investigações que poderão apontar os responsáveis pelo desaparecimento e morte do líder indígena.
Figueiredo não descarta nenhuma hipótese, inclusive uma levantada pelo JN junto a fontes extraoficiais, de que o corpo poderia estar enterrado no lado paraguaio da fronteira. “É um tipo de crime difícil de elucidar, mas temos várias provas, que vem sendo acumuladas desde o início dos trabalhos investigativos e não podemos descartar que o corpo possa estar no Paraguai. Em breve vamos concluir as investigações, oportunidade que faremos uma divulgação mais completa do caso”, disse.
Até agora a Polícia Federal prendeu 18 pessoas acusadas de algum tipo de envolvimento no desaparecimento do cacique. O primeiro a ser preso foi o empresário Aurelino Arce, proprietário da empresa Gaspem Segurança, que presta serviços para o setor rural. Outro preso é Osvin Mittanck, presidente do Sindicato Rural de Aral Moreira. Arce foi preso depois de ser vítima de seqüestro, seguido de tentativa de homicídio em Dourados no dia 30 de maio passado. Ele sobreviveu e a acusada de planejar o crime, segundo a Polícia Civil, é Tatiane Michele dos Santos, de 20 anos, com quem Arce tinha um caso amoroso. Ao ser presa, Tatiane revelou que Arce tinha lhe falado sobre a ação resultou no desaparecimento de Nísio Gomes.
Falta estrutura
Sobre as condições em que se encontram os presos na cela da Policia Federal em Ponta Porã, o delegado Jorge André Figueiredo, disse ao JN, que de fato o espaço é inadequado e que aguardava pronunciamento da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. “Encaminhamos solicitação para que sejam disponibilizadas as vagas para transferência dos acusados, já que a justiça estadual interditou a Unidade Penal Ricardo Brandão”, disse.
O delegado ressalta que a pequena cela da delegacia é para colocar 2 presos e assim mesmo pelo prazo de 24 horas enquanto são tomados os depoimentos. Na quinta-feira à tarde havia 14 pessoas no local e pelo menos dois com problemas de saúde. O filho de um fazendeiro foi até ao local para levar medicamentos enquanto a família de outro produtor rural reclamou de não poder levar alimentos, já que o acusado é hipertenso e sofre de diabetes.
“Nós não proibimos a entrada de alimentos como frutas. Não chegou nenhuma informação até a direção da delegacia. Podemos atender a solicitação da família e apesar da boa fé que temos nas pessoas, temos que adotar procedimentos de segurança. São normas que precisam ser cumpridas e que de forma nenhuma iríamos impedir algum produto que seja necessário para a manutenção da saúde de quem está preso”, disse.
Desaparecimento
O cacique Nísio Gomes, conforme as informações policiais, integrava um grupo de índios guaranis e kaiowás que ocuparam em novembro passado a Fazenda Ouro Verde, região do Posto Maemi, município de Aral Moreira. À época a comunidade indígena relatou que ele foi morto e o corpo levado por cerca de 40 jagunços fortemente armados que invadiram o acampamento. Conforme os relatos ele teria sido morto com tiros na cabeça e outras quatro pessoas ficaram feridas.
De acordo com o MPF a perícia que esteve no local confirmou a presença de sangue humano no acampamento onde os índios foram surpreendidos pelos jagunços supostamente contratados por fazendeiros da região. Já o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) enviou equipe ao local do atentado e condenou o ato de violência. O Cimi informou que os jagunços usavam máscaras e jaquetas escuras e ao chegarem ao acampamento ordenaram que todos deitassem no chão. Depois executaram a tiros o cacique Nísio Gomes.
Com informaçõe do Jornal de Notícias
