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domingo, 14 de setembro de 2025

Falta de projetos mantém a dependência das importações

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06/02/2015 09h44 – Atualizado em 06/02/2015 09h44

Fonte: Famasul

Com o expressivo aumento na demanda por fertilizantes, o País se vê cada vez mais dependente de importações no setor. Isso porque faltam projetos para expansão da produção nacional e a principal obra que colaboraria na redução das compras externas, mantida pela Petrobras, está paralisada desde dezembro de 2014, sem previsão para retorno.

Dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) mostram que as importações de fertilizantes intermediários saltaram 11,2% entre os anos de 2013 e 2014, enquanto a produção nacional caiu 5,2% no mesmo comparativo.

“O Brasil vem trabalhando na mitigação da dependência das importações. Surgiram alguns projetos, como o do Petrobras, mas a oferta doméstica continua reduzida e permanecemos dependentes do mercado internacional”, afirma o diretor técnico de fertilizantes da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), Gustavo Branco.

O projeto

Em dezembro, a Petrobras rescindiu o contrato para construção e montagem da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN III), no município de Três Lagoas (MS), um projeto no valor de R$ 2,1 bilhões. Em nota, a companhia informou ao DCI que a medida foi tomada por descumprimento contratual por parte do Consórcio UFN3 (formado pelas empresas Sinopec e Galvão Engenharia).

Na semana anterior ao anúncio, diversos executivos tinham sido acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) devido a um esquema de propina envolvendo a petroleira, em decorrência das investigações da Operação Lava Jato.

Segundo o governo do Mato Grosso do Sul, o consórcio responsável pela construção deixou uma dívida de aproximadamente R$ 36 milhões, além das diversas demissões de operários da construção civil. O assunto foi discutido ontem entre o governador daquele estado, Reinaldo Azambuja, e diretores da petroleira, onde ficou acordado o retorno das obras, porém, sem uma data prevista.

“A Petrobras esclarece que é legalmente impedida de realizar pagamentos a fornecedores com os quais ela não possui vinculação contratual direta”, ressalta a companhia, sobre o endividamento causado pelo consórcio. Em relação a continuidade do projeto, “a empresa informa que está refazendo o cronograma” e “o objetivo é garantir a conclusão do empreendimento no menor prazo possível”, acrescentou. A UFN III produzirá anualmente 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil de toneladas de amônia. A Unidade de Fertilizantes atenderá preferencialmente os mercados dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Paraná, e a previsão inicial para as operações era junho deste ano.

Para o setor

O diretor de inteligência de mercado da consultoria FCStone, Thadeu Silva, acredita que o País vai continuar dependente dos fertilizantes internacionais, uma vez que o aumento na produção depende de novas plantas que demandam muito investimento, coisa que poucas empresas disponibilizam no momento. “A Petrobras entrou neste contexto mais por uma questão estratégica do que econômica”, diz. Branco, da Abisolo, alerta para alguns projetos envolvendo a Vale do Rio Doce, porém, nenhum empreendimento tão expressivo quanto o de Três Lagoas.

“Este tipo de insumo é produzido à base de fosfato, potássio ou nitrogênio. Grande parte da produção está concentrada no Oriente Médio, onde há gás natural e petróleo. No Brasil, existe uma exploração embrionária de potássio no Pará, além do Sergipe”, explica Silva.

Mercado

Na avaliação do analista do departamento de pesquisa e análise setorial do Rabobank Brasil, Jefferson Carvalho, o País importa entre 70% e 75% do que é consumido no segmento. No mercado externo, não há expectativas de alta para os preços, uma vez que os valores seguem a tendência de queda das principais commodities agrícolas.

Em contrapartida, o especialista destaca o fluxo cambial e a alta no frete como fatores que oneram as operações. “Ou seja, pode haver uma compensação: o preço cai lá fora e o produtor não sente aqui, porque o produto entrará mais caro”, conta. O frete foi reajustado em função do recente aumento no diesel.

Para o diretor da FCStone, vale destacar que as importações estarão mais caras, mas, por outro lado, a exportação da produção agrícola é beneficiada pelo câmbio. Sendo assim, é possível que o agricultor brasileiro sinta o movimento de baixa nos valores externos dos fertilizantes.

“Um outro fator que pode ajudar a derreter os preços internacionais é a entrada da produção chinesa à base de potássio”, lembra Silva. Sobre estas movimentações, o diretor da Abisolo diz que a China e a Índia estão tentando melhor a exportação, o que deve pressionar ainda mais os preços.

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