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terça-feira, 2 de setembro de 2025

Em Amambai, produção de erva-mate resgata tradição e apresenta rentabilidade

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15/08/2016 23h28

Em Amambai, produção de erva-mate resgata tradição e mostra-se um negócio rentável

Granja Boi de Bico produz a erva-mate há 18 anos; em 2015, produtor resolve expandir o negócio e saiu da informalidade para a formalidade

Fonte: Redação

A erva-mate faz parte da vida dos sul-mato-grossenses, em especial, daqueles que vivem ao sul do Estado, na proximidade com a fronteira do Paraguai. O chimarrão e o tereré são bebidas tradicionais.

Não somente pelo aspecto cultural, a erva-mate tem sua tradição econômica. Toda a região sul do Estado, entre outras, foi, outrora, produtora desta planta. A Cia. Erva-Mate Laranjeira , responsável pelo beneficiamento e exportação, explorou e instigou a produção.

Até meados da década de 60, na região do Sertãozinho, por exemplo, localizada na área rural de Amambai, o cultivo da erva-mate era típico entre os produtores rurais. Quando a Argentina passou a predominar o mercado, a erva-mate foi substituída por outras culturas.

Atualidade

Atualmente, poucas são as propriedades da região que produzem a erva-mate, cerca de 10. Ainda assim, seu aspecto cultural continua sendo relevante. Sua produção e beneficiamento fazem parte da história dos indígenas e paraguaios.

Uma das propriedades que explora a cultura é a Granja Boi de Bico, localizada na região do Sertãozinho. “Meu objetivo é o resgate da tradição do cultivo e do beneficiamento artesanal da erva-mate (…) ficar rico não é pretensão minha (…) como aposentado, é a melhor coisa que pude fazer na vida”, diz Wilson José de Assis.

Wilson é paulista criado no Mato Grosso do Sul, chegou a Dourados com cinco anos de idade, mora em Amambai há 36 anos e é bancário aposentado. Sua propriedade tem 8,5 hectares. Na área, ele tem seis mil pés de erva-mate produzindo e 10 mil em desenvolvimento; iniciou o plantio há 18 anos. Ele é também avicultor há 21 anos, desde que adquiriu a terra; produz hoje 21 mil frangos de corte.

Da informalidade para a formalidade

O negócio da erva-mate se mostrou rentável. Deixou de vender o produto para empresa da cidade e, em 2015, Wilson iniciou o beneficiamento da erva-mate. Para isso, fez uma coleta de informações sobre o beneficiamento artesanal. Está se perdendo a tradição, diz o produtor, cada um sabe um pouco e ninguém sabe tudo, as informações são fracionadas. Passou da informalidade para a formalidade, visando entrar oficialmente no mercado.

Para desenvolver o beneficiamento, ele construiu um barbaquá. Para tanto, contou com a ajuda e experiência de indígenas de Amambai e paraguaios moradores na região, povos tradicionais no cultivo e beneficiamento da erva-mate. Um deles foi Milton Lemes, 40 anos, índio guarani kaiowá , barbaquazeiro, que trabalhou na Erva Mate São Roque por 12 anos. “Agora modernizou tudo, não tem mais barbaquá, a erva não é mais original, não é mais pura (…) aqui não tem negócio de misturar com outras coisas”, diz Milton.

Meta

Até março de 2017, Wilson pretende quadruplicar a produção, sua meta é ter de 25 a 30 mil mudas. Seu investimento em dois anos, em 2015/2016, foi de cerca de R$ 80 mil. Para alcançar a meta, serão mais R$ 80 mil. O negócio envolve dois funcionários efetivos e a contratação de oito a 10 pessoas na época da colheita. Para aproveitar a estrutura do beneficiamento da erva, compra cortes de erva de produtores vizinhos.

Erva-Mate Tereré 18

A Erva-Mate Tereré 18 – o nome da marca é uma referência ao período que Wilson produz a cultura – é um produto orgânico artesanal diferenciado; “Sem inseticida”, ele frisa. “Minha empresa está aprovada na qualidade e no preço, é a erva mais barata do mercado”, diz ele. A Granja Boi de Bico está sendo referência na produção da erva-mate. Ele já recebeu a visita de mestrando da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, que desenvolve projeto sobre a planta, e de técnicos do Programa Crédito Fundiário. “Têm pessoas interessadas no cultivo”, comemora o empreendedor.

Fases do beneficiamento artesanal da erva-mate

Serviço

Wilson José de Assis
(067) 99929.6998
Granja Boi de Bico
Rodovia MS 156 – Amambai/Caarapó, km 15, entrada à esquerda mais 1,5 km
Região Rural Sertãozinho

O erval de ontem volta a ser alternativa rentável hoje.

A Granja Boi de Bico é uma das poucas da região que produz erva-mate em escala comercial.

O proprietário, Wilson de Assis (D), e o indígena Guarani-Kaiowá, Milton Lemes, barbaquezeiro.

O barbaquá.

1.	Plantação, mudas com intervalos de 1,5 metros. Todas as mudas são plantadas sob a sombra de pés de feijão guandu.

2. Colheita: a cada 1 ano e meio é feita a colheita.

3. Tambora:  equipamento onde se faz a sapecagem da erva – sapecada na labareira.

4. Barbaquá: uma vez que sobe no barbaquá a erva não tem mais contato com o chão.  Há um conduto de 6 metros com fornalha, que leva o calor até um tacuru localizado embaixo do Barbaquá, na região central, que mantém  a erva sempre seca evitando que ela amoleça na trituração.

O  Barbaquá é formado pela base de fundo (tatupirê, formato da capa de tatu) (foto) e pela base lateral (Cambaraí), que sustenta a carga.

5.	Cancheagem: feita na cancheadeira (equipamento industrial) que faz a quebra da erva em pequenos pedaços.  6.	Ensacamento: todas as sacarias são novas, sem reaproveitamento.  7.	Armazenamento: local com piso de concreto, pré-lavado, as sacarias ficam sob paletes.  8.	Trituração: só é triturada no ato da comercialização, garantindo aroma, paladar e a qualidade.  9.	Empacotamento.  10.	Comercialização.

O Produto final, a Erva-Mate Tereré 18 – o nome da marca é uma referência ao período que produz a cultura - é um produto orgânico artesanal diferenciado.

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