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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Coisas da vida que não se explicam

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21/12/2015 07h00 – Atualizado em 21/12/2015 07h00

Crônicas de uma Alma Solta

Por Luiz Peixoto

“A leitura de todos os bons livros é uma conversação
com as mais honestas pessoas dos séculos passados.”

(René Descartes)

Ao longo desse ano de 2015, quando começaram os atos que pediam o fim do governo eleito democraticamente e a volta do regime militar, senti-me meio perdido. Afinal, eu amo a história, a estudei e compreendo as consequências desse discurso fascista. Em muitos momentos pensei que o livro “Brasil, nunca mais” deveria ser leitura obrigatórias nas escolas e universidades. Procurei o meu entre os guardados e não o achei. Percebi que entre mudanças na vida devo tê-lo deixado em algum lugar. Coloquei na lista de livros a adquirir futuramente, e essa lista e grande afinal sou professor e livro custa caro.

Durante os anos de 1990 e 1996 fui atuante na Pastoral da Juventude, que é uma organização nacional de jovens católicos. Nesse trabalho conheci boa parte do centro oeste, e andei por todo o Mato Grosso do Sul, articulando e formando a juventude. Meus amigas são dessa época. Alguns deles eu ainda vejo. Outros nunca mais vi. Alguns estão no mesmo local que conheci. Outros nem estão mais entre nós. A pouca coisa que sou hoje, deve-se muito a esse período. Com esse trabalho aprendi a pensar e firmei minha opção de classe.

Juntando os assuntos. Na quinta-feira, 17.12, recebo mensagem via rede social, de uma das amigas do começo dos anos 90, que nunca mais vi, a não ser virtualmente. Ela me pergunta se quero ganhar um livro de presente. Eu todo receoso de que tipo de livro seria, só respondo que “Claro, adoro ganhar livros”. E é verdade. Meu presente predileto, ainda que muitos errem na escolha. Ela em diz que tem um livro guardado há mais de 20 anos, e que pensou em mim, ao ver o livro no armário, que é raro e uma edição de 1986. Já me interessei, afinal nessa época não havia ainda a moda da autoajuda. Pois é. Ela me presenteou com “Brasil, nunca mais”, edição histórica, guardada.

Creio que a Jocélia nem tem ideia do que ela fez comigo. Vieram a memória toda a correria daquela época, a falta de grana, as agendas cheias, tenho que conciliar trabalho e faculdade, a nossa esperança que a juventude poderia e faria a diferença. Lembrei e revivi todas as viagens para a Diocese de Coxim, nossas aventuras em Rio Verde e em São Gabriel. Só esse tipo de carinho já faz tudo isso valer a pena.

Agora é esperar a chegada do livro. Será muito bem usado nas aulas de política e será relido com todo carinho. Esse livro agora é mais que um livro. É o registro de uma época que me deixou marcas efetivas e afetivas. Coisas da vida, que não tem explicação, sente-se e vive-se.

Comecei bem com os presentes de natal. Obrigado!

Luiz Peixoto é Filósofo, pós-graduado em Pedagogia da Alternância. Amambaiense. Professor e Educador

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