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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Do meio para o fim…

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21/12/2015 07h55 – Atualizado em 21/12/2015 07h55

Conversa nada fiada

Do meio para o fim…

Por Odil Puques

A frase foi dita por um companheiro de caminhada numa das raras vezes em que me disponho a praticar algum tipo de exercício físico. Entre as passadas, falávamos da enorme dificuldade para perder peso ao ponto que para adquiri-los basta ingerir um nhoquezinho a mais. Aos quarenta e cinco, a prevalecer a lei natural – e que nada interrompa esse ciclo – devo chegar aos setenta e cinco, oitenta anos, portanto tem razão o meu amigo, já passamos da metade e estamos nos aproximando dos estertores da existência.

Penso que tenha tido uma vida razoável até então. Claro que gostaria de ter feito muitas coisas mais, principalmente viajado por esse Brasilzão de meu Deus e pela Europa inteira. Tenho uma saudável inveja do Luiz Peixoto – também colunista aqui do nosso Amambai Notícias – quando ele expõe as experiências que viveu pelos mais diversos lugares.

Saí de casa aos dezoito, com a firme convicção que para mudar a minha realidade e dos meus teria que ter uma formação em ensino superior. Coloquei uma mala nas costas com toda a mudança, esperança, livros, cobertores, o choro e as orações da minha mãe – na época já divorciada – e dos meus irmãos e parti rumo a capital do estado sem saber ao certo o que encontraria pela frente e como sobreviveria naquele mundo desconhecido. Morei em pensionato, passei por momentos que não tinha nada para comer, raras vezes sobrava para a cervejinha até porque tinha que ajudar na mantença dos que aqui estavam, mas fui ficando e consegui o tão sonhado canudo e com ele a alcunha de dêerre, o primeiro de toda a geração familiar. Com o tempo a maioria dos irmãos também tomou a decisão de virar campo-grandense e estudar.

Mais dia menos dia resolvi voltar para as origens e desde 1999 minha Amambai me acolheu novamente, encontrei a mais bela das Marias e com ela descobri a razão da existência entre antes e depois com o nascimento do Heitor e da Laura. Já transformei uns causos em prosas. Me falta plantar a mangueira. Faço rádio e política. Sou aficionado pela nossa cultura, nossas raízes e de uns tempos pra cá o esporte, especialmente o futebol tem me atarefado, muito mais como vazão dos estresses do dia a dia, do que qualquer talento para “dirigente”.

Em toda recepção de hospital tem uma poesia atribuída erroneamente a Jorge Luiz Borges, o grande escritor argentino, que diz que se pudesse viver a vida novamente, andaria mais descalço, tomaria mais sorvetes, teria mais problemas reais e menos imaginários e contemplaria mais amanheceres. Tento fazê-lo. E um dia hei de contemplar Toledo, uma charmosa cidade espanhola, origem dos meus antepassados e dizer que tudo valeu a pena.

O autor é advogado e escreve semanalmente nesta coluna.

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