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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Enfim, Dezembro! E a ilusão do amor incondicional!

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14/12/2015 07h00 – Atualizado em 11/12/2015 07h00

Crônicas de uma Alma Solta

Por Luiz Peixoto

Nossa! Já estamos em Dezembro! Essa frase tem sido recorrente nos últimos dias… Muita gente se assusta com o passar rápido do tempo. Parece que tudo tem andado mais depressa que antes. Não é verdade. Somos nós que temos andado mais devagar.

A vida exige da gente uma série de atitudes e decisões que ferem a lógica temporal. Com dá tempo de ser tudo o que temos eu ser? Como dá tempo de fazer tudo o que temos que fazer? Como dá tempo de querer tudo o que temos que querer?

O tempo que temos passa na velocidade que queremos. Isso é fato. O meu passa rápido, usual, ocupado, afinal não tenho tempo para perder tempo vendo o tempo passar. Ocupo-me de coisas que me são caras, queridas, que valem a pena.

Ao longo dos dois últimos anos tenho me ocupado de cuidar de pai e mãe. Idosos dão trabalho, são teimosos, precisam ser olhados de perto sempre. Mas são nossos antecessores. São aqueles que nos precederam, que cuidaram de nós na infância. Não faço disso uma carga, Faço-o por opção. É tarefa minha cuidar deles até que morram. Falar em morte incomoda muita gente, não a mim. A morte é nossa única certeza. Meus pais morrerão. Talvez eu morra antes (espero que não, senão quem cuidará deles?), mas eu me dispus a vir pra Amambai, largar tudo o que fazia, e cuidar deles.

A tarefa de cuidar não é fácil. Exige paciência, autocontrole, mais paciência, um pouco de resiliência e muita vontade. Muito me dizem que eu sou especial por vir cuidar deles. Sou nada! Apenas cumpro uma tarefa, delegada pela família e pelo tempo. Eu a cumpro assim, como tarefa! Ouvi de uns ai que sou um filho amoroso, como que se quem não viesse cuidar, não amasse.

Discordo dessa visão de amor. Aliás nem acredito nesse tipo de amor, que dá tarefas. Afirmo, e incomodo uns, que o amor incondicional não existe.

Esse papo que o amor familiar é mais forte que tudo, é pura balela comercial. Em família somos o que somos, e nem por isso nos amamos. Vejo mais gente amando em velórios que na vida concreta. Eu não amo assim, aliás, acho que nem amo.

Não cuido meus pais por amor incondicional. Cuido-os porque eles precisam e eu posso, eu aceitei fazer. Se fosse por esse chamado amor de filho para pais, seria um cuidar por obrigação, por dever. Eu cuido porque definimos isso, eu e minha irmã, e eu posso e faço. Não por amor, mas por vontade e decisão racional.

Não creio nesse amor que em Dezembro obriga pessoas que não se veem o ano todo a se reunirem e, numa falsidade institucionalizada, desejarem felicidades, sucesso, saúde etc. aos outros. Prefiro passar o natal sozinho (como passei muitos) do que cercado de hipocrisia familiar.

Aqui em casa só vem por Natal quem quer. E não precisa dar presente. Basta estar presente e ser parte da festa da gente.

Mas que venha mais um final de ano. Já treinei os sorrisos falsos para agradecer a cada um que durante o ano nem me olha na cara, e que no final de ano, quer em desejar tudo de bom… Aprendi, a duras penas, a ser hipócrita também…

Sigamos!

Luiz Peixoto é Filósofo, pós-graduado em Pedagogia da Alternância. Amambaiense. Professor e Educador

Enfim, Dezembro! E a ilusão do amor incondicional!

Enfim, Dezembro! E a ilusão do amor incondicional!

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