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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Sobre um certo professor Ismael

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23/11/2015 07h00 – Atualizado em 23/11/2015 07h00

Conversa nada fiada

Por Odil Puques

Deveria ser Moreira, mas certamente a mãe mais versada no guarani do que no português e pela frente um daqueles burocratas interessado mais que badalasse logo as cinco horas do que pesquisar escorreitamente, lhe conferiram o apelido de Morel. Sua origem por si só já mereceria um apêndice. O pai vindo das guerras, das lutas contra fascismo e nazismo sem nunca saber direito do que é que se tratava, obteve como prêmio de consolação um posto de cuidador de animais, justamente nas terras de sua mãe. Esta dizem todos, de enfeitiçar índios e não índios com sua vasta e negra cabeleira. Foi o precursor em sair dos seus domínios e tentar mudar um pouco do que se lhe havia destinado, viver de usina em usina, onde lhe explorariam o corpo e a alma. Da educação que cuida do físico, voltou para mudar a realidade dos seus e o tem feito com rara sensibilidade e competência. Sob sua batuta direta cerca de 150 jovens que diariamente dançam, cantam e jogam bola. O grupo de danças Arandu faz sucesso por onde desfila o talento, não só pela musicalidade, mas também pela disciplina e pelas inovações.

Depois de sua vinda os intercolegiais municipais no futebol de quadra são dominados por seus aprendizes. Nestes dias mesmo promove junto com a sua turba, um campeonato de futebol no terrão, que envolve diretamente cerca de 320 atletas dos dois sexos, sim porque lá elas jogam futebol tanto quanto eles. Denominou como Guapoy – que quer dizer Figueira – o nome original das suas terras e não Aldeia Amambai como comumente chamamos. Mas o ápice de suas promoções deu-se com a ideia de criar uma olímpiada indígena, os JOIND – Jogos da Integração Indígena. Sempre no início dos anos, já vai para a 13ª edição, reúne 12 cidades e cerca de 1200 competidores. Tornou se a maior do estado, daqui uns dias ultrapassará fronteiras. Tem futebol, atletismo, concurso de beleza, mas também tem arco e flecha, lança e a corrida do mynakü – aquele balaio que as mulheres põem na cabeça por uma alça. Por posições em favor dos costumes de sua gente, especialmente da invasão que sofrem daqueles que lhes querem arrebatar as almas, é considerado por muitos como radical. Enfrenta resistências dentro da sua comunidade como fora. Pseudos intelectuais o querem assumindo ideologias, deviam sabê-lo melhor, que a única que lhe interessa é aquela que possa melhorar a realidade sofrida da sua gente, da sua raça, do seu povo. Sua bênção…

O autor é advogado e escreve semanalmente nesta coluna

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