Ele sorriu entre uma nota e outra — e foi assim, com a música como abraço, que John Lodge deixou o mundo aos 82 anos.
A partida foi repentina, contou a família, mas serena. Ele se foi cercado por amor, pelos sons de Everly Brothers e Buddy Holly, e pela mesma doçura que o acompanhou durante toda a vida.
John não era apenas o cantor e baixista do lendário The Moody Blues — era uma parte viva da história do rock progressivo, um daqueles músicos que transformam emoção em melodia.
Natural de Birmingham, descobriu cedo o poder das cordas e das palavras. No início dos anos 60, formou sua primeira banda ao lado de Ray Thomas, que mais tarde seria seu parceiro no Moody Blues. Quando se juntou oficialmente ao grupo, em 1966, trouxe mais do que técnica: trouxe alma.
Com seu baixo firme e voz suave, ajudou a moldar o som inconfundível da banda — um som que mesclava poesia, introspecção e uma fé silenciosa na vida.
De sua autoria nasceram músicas que seguem pulsando até hoje, como “I’m Just a Singer (In a Rock and Roll Band)” e “Isn’t Life Strange” — canções que, décadas depois, ainda convidam quem ouve a refletir sobre a beleza e a complexidade de existir.
John Lodge acreditava que a música era um elo — algo que unia pessoas, tempos e sentimentos. E foi com esse espírito que continuou criando. Em 2023, lançou Days of Future Passed: My Sojourn, um projeto que parecia uma carta aberta à própria história, revisitando o passado com gratidão e ternura.
Longe dos palcos, era o homem simples que se emocionava vendo o neto jogar futebol, o pai que se orgulhava dos filhos e o marido dedicado que carregava serenidade no olhar.
“Ele nunca se sentia tão feliz quanto no palco”, disse a família — e quem já o viu tocar sabe que isso era verdade. Havia um brilho calmo em cada apresentação, como se ele conversasse com o público em uma língua feita de notas e sorrisos.
John deixa a esposa Kirsten, os filhos Emily e Kristian, o genro Jon, e o neto John-Henry.
Mas deixa também algo que o tempo não apaga: o eco suave de um baixo que ainda vibra, lembrando que a boa música nunca morre.
Como costumava dizer ao encerrar os shows:
“Obrigado por manter a fé.”
E nós mantemos, John — na música, na arte e em tudo o que continua mesmo depois do fim.
Porque há melodias que o tempo não silencia.
E a sua é uma delas.
Fonte: Nádia Rocha/Redação Amambai Notícias