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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Eu ainda acredito!

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23/11/2015 07h18 – Atualizado em 23/11/2015 07h18

Crônicas de uma Alma Solta

Por Luiz Peixoto

Eu acredito!
Em gente que coloca a mão na massa
Na massa do concreto
Na massa do pão
Na massa da vida
Que serve outras gentes
Que propaga a esperança
Mesmo que pequena
Que tenha pena
Que faça algo
Eu acredito!
Na vida que se refaz
Em cada um de nós
Que acreditamos…

Sou cria das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs. Foi lá que vivenciei o primeiro momento de militância, de inserção social. Sou de um tempo que a Igreja Católica era preocupada com as pessoas, com o real. Como esquecer Ir. Olga, Ir. Lucinda, Ir, Gema, Ir. Jandira, Pe. Adriano…? Todos me carregando pra ações e formações em vários cantos da diocese. São eles, e outros, os responsáveis por me fazer ver o mundo com olhos de quem acredita. O pequeno poema acima manifesta no que acredito.

Lá pelos meados dos anos 80, comecei a participar da comunidade Rainha dos Apóstolos. Lá não tinha nada. Éramos nós e um pé de manga. Hoje é uma comunidade estabelecida, e não me pertence mais, perdi a paixão, perdi a gana de pertencer. Quando olho pra quem era do meu tempo da comunidade, tenho orgulho da maioria. Boa parte está na educação, está investindo em formar pessoas. Muitos estão hoje em outras igrejas. Muitos estão fora das igrejas. Mas a maioria é gente do bem, que sabe de que lado está e que nunca perdeu a esperança. É legal ter uns hoje em dia como meus alunos ou como colegas de trabalho.

Atuei durante anos na Pastoral da Juventude. Defendi e defendo como princípio que a juventude deve ser articulada por jovens, por isso ao atingir a idade limite, me afastei, deixando esse trabalho para quem tem idade. Na PJ fiz minhas amizades mais fortes, lá também me deparei com uma hierarquia eclesial que não sabe lidar com a diversidade que a juventude representa. Acabei me afastando de toda estrutura eclesial. Por ter vindo da igreja e ter passado por vários espaços de articulação muitos me perguntam se eu perdi minha fé. Não, nunca perdi! Apensa redimensionei minha crença.

Eu ainda acredito na juventude. Que se organiza e que força a barra para ter voz e vez. Seja na igreja, no partido, na escola, na universidade. Acredito muito, mas não o faço mais. Não sou jovem aos 44 anos. E se eu fizer no lugar provo que não acredito que eles sejam capaz de fazer a articulação.

Eu ainda acredito na comunidade, mas não na igreja. Comunidade é um local onde pessoas se encontram e se tornam mais gente. Igreja é um local de dogmas e de verdades e, muitas vezes, a vida real não cabe nesses dogmatismos.

Eu ainda acredito em Deus. Em um Deus que se importa com o amor e a felicidade das pessoas, e não com a cor da pele, com quem a pessoa leva para cama ou com quantos dinheiros a pessoa tem em conta. O Deus que eu conheci é o amor ao próximo, que Jesus pregou, e não do amor às moedas, que Judas vivenciou. E vejo pouco isso nas igrejas de hoje.

Mas eu ainda acredito. Na força da vida. Na força da gente. Em um axé coletivo que nos congrega e nos torna mais humanos. Acredito nas forças da natureza, nos orixás, que nos fortalecem na luta do dia a dia.
Acredito especialmente na educação como ferramenta de esperança. Apesar de tudo o que tenho visto, ainda acredito. E isso ninguém pode tirar de mim.

Luiz Peixoto é Filósofo, pós-graduado em Pedagogia da Alternância. Amambaiense. Professor e Educador

Eu ainda acredito!

Eu ainda acredito!

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