18/04/2016 14h05 – Atualizado em 18/04/2016 14h05
Conversa nada fiada
Por Odil Puques
Compromisso é coisa séria. Ela vem do latim compromissus, particípio passado de compromittere, fazer uma promessa mútua, formado por “com” junto, prometer, garantir. Meu avô Rufino faleceu aos 95 anos de idade e sempre foi um crítico contumaz de papelórios, contratos e distratos, dizia sempre, que na época dele as pessoas cumpriam o prometido para honrar o fio do bigode. Havia aqueles em que não se podia confiar nunca, então com eles não se fiava conversas e naqueles que eram tidos como “de palavra” se confiava e pronto. Comprou um gado e prometeu pagar no dia tal, de tal mês? Confia que o compadre é gente séria. O moço pediu uma reunião com toda a família da moça, para fazer um compromisso de noivar e casar? Esse ainda é novo, mas é filho de Fulano e Sicrana, então pode preparar a festança. Os dias atuais andam difíceis. As pessoas fazem compromissos depois insistem em não honrá-los. Para qualquer compra e venda de objetos de menor ou maior valor, tem que haver um aparato jurídico, testemunhal, de garantia, de aval para a se apor assinatura, ainda assim, alguns insistem em não quitá-lo. Ai de quem cometer a insanidade de não pegar a assinatura de duas testemunhas no contrato, pois quando for executá-lo poderá ter a sua pretensão frustrada por conta dessa falha. Quer fazer um evento às 20 horas? Marque-o para as 19, porque todos chegarão atrasados com a desculpa esfarrapada, que brasileiro é assim mesmo. Nem se diga daqueles pais que prometem de brinquedos a passeios aos filhos e não cumprem porque se trata de questão pessoal e familiar, me reporto mesmo aos compromissos públicos, televisionados, pelas rádios, assinados, carimbados nas mídias sociais e depois negados. O que anda acontecendo no nosso país??? Em tempos de votação de impedimento da presidente da República, tem partido que prometeu o que não podia entregar, roubou o sonho de milhões que acreditaram que tudo poderia ser diferente, tem outros que sempre estiveram onde está o poder, quando o poder se esvai abandona o barco, outro é indeciso sempre, não assume posições, esperando que as águas se tornem mais remansas para escolher a margem mais segura. Que péssimo exemplo esses políticos nos deram essa semana. Por um motivo ou outro se comprometeram com um lado, com uma causa, mas bastou ver seus interesses contrariados ou de sentir a pressão da voz rouca das ruas que rapidamente desdizeram tudo aquilo que haviam dito. Negam em pé, o que prometeram sentados. Apenas a se lamentar…
O autor é advogado e escreve semanalmente nesta coluna.
